Os baixos níveis séricos de vitamina D são um problema de saúde mundial e o Brasil está inserido nesse cenário, apresentando também uma elevada prevalência de insuficiência ou deficiência na população, chegando em alguns estados a mais de 77% da população (Unger et al, 2010).

Os estudos no Brasil indicam valores abaixo do ideal em várias faixas etárias, mas destacamos o risco maior para idosos e mulheres na pós-menopausa.

Cerca de 10% das necessidades diárias (Pinheiro et al, 2009) de vitamina D são obtidos de fontes alimentares e o restante por meio da exposição solar direta, que deve ocorrer entre às 10:00 horas e 15:00 horas, no máximo 20 minutos e sem uso de protetor solar. Esta dose é suficiente para que haja uma produção cutânea, que atinja o correspondente a 10.000 e 25.000 Ui de vitamina D (Holick, 2011), através dos raios ultravioleta B (UVB), sintetizadores da vitamina D, que são inativados pelas vidraças. Respeitando este tempo de exposição, o risco de desencadear câncer de pele fica minimizado, já os mesmos são resultados da ação principalmente dos raios ultravioleta A (UVA), predominante após uma exposição solar maior.

O tratamento para reposição ou manutenção dos ótimos níveis séricos de vitamina D deve ser feito com orientação e acompanhamento médico para análise completa do estado de saúde do paciente, considerando as peculiares de cada um.

A relação entre vitamina D e covid-19 veio à discussão em diversos espaços a partir da divulgação de um estudo publicado no dia 30 de abril de 2020, por pesquisadores da Northwestern University, dos Estados Unidos, coordenado por Vadin Backman.

Após o acompanhamento de dados clínicos de pacientes de dez países: China, França, Alemanha, Itália, Irã, Coreia do Sul, Espanha Suíça, Grã-Bretanha e Estados Unidos concluiu-se que níveis baixos de vitamina D estão fortemente relacionados com o aumento da taxa de mortalidade da Covid-19.

“Nossa análise mostra que a eficiência pode ser tão alta que pode reduzir a taxa de mortalidade pela metade. Isso não impediria que o paciente contraísse o vírus, mas pode reduzir as complicações e evitar a morte daqueles que são infectados”, concluiu Backman.

Assim como o autor, acreditamos que a vitamina D tem um papel importante tanto para melhorar o sistema imunológico, quando não responde bem à doença, quanto para evitar que ele se torne hiper reativo e cause a “tempestade de citocinas”, uma condição inflamatória grave desencadeadora da grande maioria de mortes do covid-19.

Importa-nos esclarecer, neste artigo, que a ação da vitamina D na condição imunológica do paciente é crucial para todo e qualquer processo inflamatório, incluindo o covid-19. Mas para chegar aos níveis sérios eficazes exige a administração gradativa por via oral, da substância ativa, como também a exposição solar, conforme acima descrito.

Ou seja, como toda condição substancial de saúde, tem relação direta com os hábitos do paciente, com o que acumulou de reserva imunológica, para que diante de um ataque viral, ele tenha subsídios para se defender.

Acrescento que outros nutrientes alimentares, exercícios físicos regulares, sono reparador, gerenciamento do estresse cotidiano e níveis normais de ansiedade, todos associados e em conjunto com os bons níveis de vitamina D é que seguram o bom funcionamento do sistema imunológico e a longevidade qualitativa de todos nós.

 


Dr. Flávio Henrique Macedo Pinto
CRM 5655

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Maeda SS, SaraivaGL, Kunii IS, Lazaretti-Castro M. The effect of sun exposure on 25-hydroxyvitamin D concentrations on yong healthy subjects living in the city of São Paulo, Brazil. Braz J Med Biol Res.2007:40(12) 1653-9
  • Pinheiro MM, Schuh NJ, Genaro OS, Ciconelli RM, Ferraz MB, Martini LA, Nutrient Intakes related to osteoporotic fractures in men and women –  the Brazilian Osteoporis Study (Brazos), Nutr J 2009 Jan 29;8:6.
  • DeLuca HF.Historical overview.In:Vitamin D. Edited by Feldman D,Gloreiux F e Poke JW. Editora Academic Press,p.03-12.
  • Maeda SS, Recommedations of the Brazilian Society of Endocrinology and Metabology(SBEM) for the diagnosis and hypovitaminosis D. Arq Bras Endocrinol Metabologia 2014;58(5).
  • Holick MF. Vitamin D deficiency. N Engl J Med. 2007:357(3): 226-281
  • Bikle DD, Vitamin D and bone. Curr Osteoporosis Rep. 2012:10(2):151-9.