Ansiedade, medo, depressão, culpa, perdas, baixa autoestima, estresse, manifestações de sofrimento psioemocional são causas que levariam e levam muitas pessoas à psicoterapia. Estes são indicadores de como a pessoa consegue responder naquele momento da sua existência às experiências ás quais ela se expõe, voluntariamente ou não.
Já faz um bom tempo que estes sintomas psíquicos são falados e comentados entre a população de um modo geral, com maior frequência, transitando entre certa banalização até rigoroso rótulo patologizante, às vezes, vindo de um diagnóstico médico.
O fato é: as questões de nossa saúde mental estão clamando por atenção e atender a este clamor, requer coragem e decisão, além de outros recursos de percepção e ação, que podemos falar a posteriori.
Procurar ajuda psicoterápica é um ato de coragem, na medida em que iremos – psicoterapeuta e cliente – colocar luz sobre aspectos até então obscurecidos, mesmo que manifestados nos sintomas. É interessante considerarmos que, mesmo que não queiramos olhar para as nossas dificuldades emocionais, elas se encarregam de se manifestar, principalmente, através do nosso corpo.
O lado magnífico do processo psicoterápico é que, além de identificarmos o que é sombrio, clarificamos e colocamos em vigor, na medida do desejo do cliente, o seu arsenal de superação das dificuldades. Algo dito por uma cliente: “Descobri forças em mim que eu desconhecia.” (sic) Assim, a psicoterapia parte de uma procura de ajuda, a ser delineada com características profissionais, para assegurar o aprofundamento de conteúdos conscientes e inconscientes, que interferem nos vínculos e nos papéis desempenhados por quem apresenta algum sofrimento psíquico, leve ou intenso. Devemos considerar, também, que se trata de uma relação de ajuda atravessada por variáveis sociais, em que ambos, cliente e psicoterapeuta, se tornam corresponsáveis pelas buscas e descobertas de sentidos e de formas de existência.
A decisão para buscar e entrar nesta relação de ajuda requer conhecer e respeitar a sua identificação com a forma de trabalho do psicoterapeuta. Favoravelmente dispomos de muitas abordagens psicológicas, com fundamentos teóricos válidos e eficazes instrumentos.
É essencial que se construa uma relação de confiança, desprendida de dependência ou dominação, visto que o cliente é o protagonista da sua própria história e precisa mergulhar nas suas questões para encontrar os recursos saudáveis de resolução do que o aflige.
Certa vez, outra cliente comentou, no encerramento do seu processo psicoterápico, que me via, metaforicamente, carregando uma lamparina para incentivá-la a ver o caminho que ela tinha que percorrer e que muitas vezes, eu entregava a lamparina para que ela visse o caminho por si mesma, porém, eu continuava a caminhar com ela, ao lado ou atrás, até podermos nos separar e cada uma caminhar por trilhas diferentes.
Assim, ser psicoterapeuta é um eterno recomeçar, a cada cliente, às vezes, a cada sessão. Mas é também uma eterna e terna contemplação da capacidade espontânea e criativa dos clientes, ao gerarem soluções criativas para os problemas que já vem se arrastando ou que os surpreendem na vida. A psicoterapia é um universo de belezas singulares, de encontros prestimosos, de metamorfoses supimpas e de riscos valiosos! Vale a pena viver!
Ana Cristina Benevides Pinto
Psicóloga, psicodramatista e diretora do Centiser- Centro de Tratamento e Integração do Ser.
CRP 11/0662