Este questionamento foi mais suscitado, a partir das mortes de uma modelo de 39 anos, praticante de crossfit e de um triatleta de 40 anos, ambos sem nenhuma doença preexistente. Porém, apresentaram comprometimento pulmonar em mais de 70% e vieram à óbito em menos de 15 dias de internação.
Reitero sempre para os meus pacientes que o exercício físico é remédio e a diferença do remédio para o veneno é a dose, a partir da constatação clínica da prática desorientada dele.
ANGELI, G; BARROS NETO, T. L.; TEBEXRENI, A et al, em um estudo publicado em 2007 (Medicine & Science in Sports & Exercise), avaliaram o declínio do VO2 máximo (capacidade máxima de captar, transportar e transformar o oxigênio em energia durante o exercício) com a idade. Entretanto, entre praticantes de exercício físico MODERADO este processo ocorre mais lentamente do que em relação à vida sedentária ou à alta performance.
O Vo2 máximo é um índice bem familiar aos atletas e corredores, mensurado pela ergoespirometria completa. Este exame fornece bases para a prescrição segura e individualizada do exercício físico, bem como, alguns norteadores para a dieta alimentar e para as potencialidades cardiorrespiratórias a serem desenvolvidas.
Com estes pilares equilibrando a sua prática, o exercício físico passa a aumentar resistência imunológica, a reduzir o surgimento de marcadores inflamatórios, dificultando o surgimento de quadros virais, como a covid-19. Estas respostas fisiológicas não aparecem no overtraining (excesso de exercício físico), nem no sedentarismo.
Diante do quadro tão complexo da covid-19, o exercício físico bem orientado, ressalto, consolida-se como mais um fator de proteção e de promoção ampla de saúde, comprovando-a como nosso maior patrimônio.
Flávio Henrique Macedo Pinto
Médico do Esporte, ortopedista, diretor do CENTISER – Centro de Tratamento e Integração do Ser.