Talvez este ano seja um dos mais propícios, sentimos por experiência própria e particular de cada um e de todos, ao mesmo tempo, o valor da nossa saúde mental.
Percebemos com os sentidos, que o sofrimento psíquico precisa ser cuidado como patrimônio essencial da vida, despido de preconceitos e discriminações, mas envolto em equidade e igualdade.
Constatamos nas vivências e nos afetos, que sobrevivemos emocionalmente por meio da atenção e dos efeitos da arte, com o contato com a natureza ao nos atentarmos ao sol, à lua, ao céu ou às plantas em jarros de nossas varandas. Ou às aprendizagens com a regeneração da natureza sem as intromissões destrutivas dos homens.
Consentimos com propriedade que podemos consumir menos e viver melhor ao redimensionarmos o conceito de essencial. Desde na dimensão material, como na imaterial, revendo crenças e tabus, reconhecendo os nossos papéis sociais e familiares e a nossa responsabilidade por comunidades sustentáveis, no âmbito físico e emocional.
Na impossibilidade do abraço, descobrimos novas formas de amar, em que o cuidado se protagoniza em várias versões, com a mesma essência que nutre teias de vínculos que nos dão suporte, que nos ensinam a perdoar a nós mesmos, aos outros e que nos tornam mais tolerantes com o diferente, mirando constantemente a sabedoria.
Com singularidade, apuramos a espiritualidade como primor de aproximação ao que importa de verdade, abrangendo nossa vulnerabilidade e nossa transcendência como fenômenos humanos, e fiando o amor, a solidariedade e a justiça como mastros de sentido vital.
Compreendemos a liberdade como requisito primordial, a começar pelo que precisamos destravar dentro de nós mesmos e que o sentido da vida está em constante devir. Que construamo-lo com a noção da impermanência e com o senso de saúde como um bem e um direito universal.
Ana Cristina Benevides Pinto
Psicóloga, psicodramatista e Diretora do CENTISER – Centro de Tratamento e Integração do Ser.